Leio as crônicas de Luis Fernando Verissimo há pelo menos menos duas décadas. Lembro de ter descoberto o autor quando o livro As Mentiras que os Homens Contam se destacou por meses entre os livros mais vendidos do Brasil, lá no longínquo ano de 2000, data de seu lançamento original (uma nova versão o relançou em 2015). Curiosamente não me recordo mais onde diabos acompanhava o ranking de livros mais vendidos no Brasil… será que ainda divulgam isso?
Desde então tenho colecionado seus livros. Não tenho todos, mas um dia chego lá. Recentemente descobri que em 2020, naquele caos do ano 1 da pandemia do coronavírus, a Editora Objetiva (pertencente ao grupo Companhia das Letras) lançou uma chaproca de mais de 700 páginas, reunindo cinco décadas de crônicas do autor. Não poderia deixar de adquirir. E é desta Antologia, que abro essa sessão no Desligado, a qual pontualmente irá apresentar algumas crônicas deste querido autor.
O objetivo aqui não é transcrever livros inteiros, longe disso. A ideia é apresentar o material, aguçar a curiosidade de quem quer que esteja aqui neste singelo espaço procurando algo para ler. O brasileiro é péssimo na leitura, mas tenho pra mim, uma opinião pessoal, de que isso acontece por lá atrás, quando crianças, não somos devidamente apresentado ao hábito de ler coisas divertidas, que nos mostrem que ler é uma maravilha. O objetivo aqui é esse, te mostrar que ler é gostoso, basta procurar o material que lhe agrade.
A crônica abaixo foi a primeira que li na Antologia, a qual abri a esmo e fiquei passando os olhos até encontrar uma que desconhecesse e me chamasse a atenção. O texto está na sessão de crônicas publicadas em 1990, e por isso tem ler com esse olhar no passado, em tempos sem internet e telinhas menores, os nossos celulares. Até porque é sobre uma sociedade alienada e desatenda, e não sobre a televisão em si. Dito isso, a brincadeira é atemporal e a tirada ainda funciona, sem dúvida alguma.
— Iiiih…
— E agora?
— Vamos ter que conversar.
— Vamos ter que o quê?
— Conversar. É quando um fala com o outro.
— Fala o quê?
— Qualquer coisa. Bobagem.
— Perder tempo com bobagem?
— E a televisão o que é?
— Sim, mas aí é a bobagem dos outros. A gente só assiste. Um falar com o outro, assim, ao vivo… Sei não…
— Vamos ter que improvisar nossa própria bobagem.
— Então começa você.
— Gostei do seu cabelo assim.
— Ele está assim há meses, Eduardo. Você é que não tinha…
— Geraldo.
— Hein?
— Geraldo. Meu nome não é Eduardo, é Geraldo.
— Desde quando?
— Desde o batismo.
— Espera um pouquinho. O homem com quem eu casei se chamava Eduardo.
— Eu me chamo Geraldo, Maria Ester.
— Geraldo Maria Ester?
— Não, só Geraldo. Maria Ester é o seu nome.
— Não é não.
— Como, não é não?
— Meu nome é Valdusa.
— Você enlouqueceu, Maria Ester?
— Por amor de Deus, Eduardo…
— Geraldo.
— Por amor de Deus, meu nome sempre foi Valdusa. Dusinha, você não se lembra?
— Eu nunca conheci nenhuma Valdusa. Como é que eu posso estar casado com uma mulher que eu nunca… Espera. Valdusa. Não era a mulher do, do… Um de bigode.
— Eduardo.
— Eduardo!
— Exatamente. Eduardo. Você.
— Meu nome é Geraldo, Maria Ester.
— Valdusa. E, pensando bem, que fim levou o seu bigode?
— Eu nunca usei bigode!
— Você é que está querendo me enlouquecer, Eduardo.
— Calma. Vamos com calma.
— Se isso for alguma brincadeira sua…
— Um de nós está maluco. Isso é certo.
— Vamos recapitular. Quando foi que nós casamos?
— Foi no dia, no dia…
— Arrá! Está aí. Você sempre esqueceu o dia do nosso casamento. Prova de que você é o Eduardo e a maluca não sou eu.
— E o bigode? Como é que você explica o bigode?
— Fácil. Você raspou.
— Eu nunca tive bigode, Maria Ester!
— Valdusa!
— Está bom. Calma. Vamos tentar ser racionais. Digamos que o seu nome seja mesmo Valdusa. Você conhece alguma Maria Ester?
— Deixa eu pensar, Maria Ester… Nós não tivemos uma vizinha chamada Maria Ester?
— A única vizinha de que eu me lembro é a tal da Valdusa.
— Maria Ester. Claro. Agora me lembrei. E nome do marido dela era… Jesus!
— O marido se chamava Jesus?
— Não. O marido se chamava Geraldo.
— Geraldo…
— É.
— Era eu. Ainda sou eu.
— Parece…
— Como foi que isso aconteceu?
— As casas geminadas, lembra?
— A rotina de todos os dias…
— Marido chega em casa cansado, marido e mulher mal se olham…
— Um dia marido cansado erra de porta, mulher nem nota…
— Há quanto tempo vocês se mudaram daqui?
— Nós nunca no mudamos. Você e o Eduardo é que se mudaram.
— Eu e o Eduardo, não. A Maria Ester e o Eduardo.
— É mesmo…
— Será que eles já se deram conta?
— Só se a televisão deles também quebrou.
Veríssimo Antológico, 2020 – Capítulo III, Mar de palavras | Os anos 1990 (Link na Amazon)
Sinopse oficial – Esta antologia reúne cinco décadas da produção de Luis Fernando Verissimo como cronista, incluindo textos inéditos em livro, outros que estão há muitos anos fora de circulação e também aqueles que se tornaram clássicos. Em comum entre eles, a inteligência e o humor de Verissimo, e sua reconhecida capacidade de traduzir em poucas linhas a complexa natureza humana.
Para mais livros de Luis Fernando Verissimo, visite este endereço no site da Editora Companhia das Letras.
Desde 2020, por conta da pandemia, criei o hábito de assistir o jornal pela manhã, enquanto me preparo para começar o dia, mais especificamente a GloboNews em Ponto, que ocorre na faixa das 6h as 9h da manhã. Recentemente o jornal sofreu algumas mudanças, sendo a principal sua apresentação, saindo a talentosíssima Julia Duailibi, especialista em política, para a entrada de Cecilia Flesch, a qual ainda não sei como qualificá-la aqui. Internamente também não sei se houve troca da equipe de produção do telejornal, mas a julgar como o mesmo tem sido conduzido nas últimas semanas, penso que talvez tenha ocorrido.
Veja bem, minha maior preocupação tem sido com o horário da faixa das 6h da manhã, ainda que haja um reflexo disso em toda a atual GloboNews, mas antes de olhar o escopo macro, permita-me focar no micro. O que acontece as 6h da manhã de todo brasileiro? Estamos levantando para mais um dia neste país de muitas crises, em um mundo cheio de problemáticas. Tem gente se preparando para ir trabalhar, assim como também tem um monte de criança acordando para se preparar para ir à escola. Estamos todos começando o dia.
De umas semanas pra cá, ligo o jornal nessa faixa de horário e só tem notícia de assassinato. Marido que mata ex-esposa e feminicídios em geral, troca de tiros e mortes entre polícia e criminosos, com direito a bala perdida em civis, crianças sendo assassinada por pais, gente sendo mantida em cativeiro, denúncias de crimes sexuais à rodo, inclusive em hospitais e daí para o pior. Sim GloboNews, já entendi que o Brasil está violento, que a saúde mental das pessoas está fragilizado. Mas será que eu preciso disso às 6h da manhã?
Antes do jornal sofrer essa mudança na troca de apresentadores, a faixa das 6h da manhã era ligeiramente mais leve. Havia a previsão do tempo e pautas políticas, o que o congresso estaria se movimentando para o dia. Nas sextas-feiras havia um quadro verde, para falar de plantas – a qual há meses não vejo acontecer. Não eram necessariamente pautas positivas, mas era uma faixa que nos atualizava sobre a pandemia, sobre clima, sobre movimentações políticas, notícias internacionais, sobre coisas para ficar atento ao longo do dia. E agora, eu ligo a mesma faixa e tudo que tenho é sangue sendo derramado no meu café da manhã. Não preciso disso pra começar o dia.
E palpável a mudança da apresentação do telejornal. A faixa das 7h, normalmente era um horário que muitas vezes a Julia Duailibi tirava de 15 a 20 minutos lendo os principais jornais do dia. O que eu achava o máximo. Nos lembrar que ainda existe jornal impresso e mostrar como o conteúdo dos mesmos ainda é relevante, enquanto também serve para resumir as principais notícias de ontem, caso a gente tenha perdido alguma coisa. A mesma leitura dos jornais, feita pela Cecilia Flesch é, com o perdão da palavra, horrível. É uma leitura absurdamente rápida, sem qualquer interesse da apresentadora, feita em menos de 5 minutos. Parece forçado, algo que não conseguiram tirar do programa, mas que eventualmente vão tirar. É um desastre.
Não sei o que aconteceu, só sei que não dá mais. Vou procurar outra coisa para assistir ao iniciar meu dia. Olhar outros canais de notícia, outros telejornais. GloboNews em Ponto não dá mais. Estamos em véspera de eleições, adoraria começar o dia sabendo a movimentação dos principais candidatos. Quero saber o que está acontecendo em Brasília, que leis estão em discussão. Quero um jornal que me informe sobre as engrenagens do país e não sobre as pessoas estarem matando umas as outras. Não preciso que o jornal me mostre isso antes de sequer ter escovado os dentes. Começar o dia nessa vibe é péssimo. Nem mesmo a reflexão sobre a nossa saúde mental o jornal de propõe a discutir… porque dar ao brasileiro um jornal “Cidade Alerta” às 6h da manhã!? Aí não!
Isso porque nem falei muito sobre as crianças sendo acordadas com um telejornal assim. Hoje mesmo tive que desligar o jornal em certo momento em que meu filho estava acompanhando as notícias sanguinárias enquanto fazia seu lanche para a escola. Se eu não preciso disso pra começar o dia, ele muito menos. Fui colocar um Roda Vida no YouTube com qualquer outro tipo de discussão mais inteligente. O fato é que se a gente coloca um desenho animado ou série acabamos nos distraindo assistindo, e aí perdemos a hora de sair de casa. Alguma coisa para começar o dia, como uma entrevista ou jornal (menos sanguinário) funciona para nos manter dentro de nossos horários.
Não dá mais. A partir de amanhã vou começar a procurar outros jornais para começar o dia. Um que não jogue corpos e crimes hediondo na minha mesa de café da manhã. Meu filho e minha saúde mental agradece.
Este artigo foi originalmente publicado em 2011, lá no Portallos, em tempos em que textos assim eram um charme à parte por lá. Hoje em dia a estrutura do site se expandiu e iniciativas assim agora ficam um pouco escondidos em meio ao atual conteúdo editorial. Por isso a ideia de trazê-lo para cá, cuja a proposta é exatamente apresentar textos divertidos em layout propício a esse conteúdo.
Para não simplesmente copiar e colar o texto original, resolvi revisitá-lo e revisá-lo. Afinal é um texto de 11 anos atrás. Faz mais de uma década desta reflexão sobre o futuro da tecnologia, que seu avanço não havia atingido certo imaginário criado na ficção, e até mesmo da própria percepção do autor. Colocando mais 10 anos nessa conta, será que algo mudou?
O futuro inatingível da tecnologia?!
A difícil tarefa de tornar real um mundo imaginário…
O artigo original começava com a menção de um artigo do site Estadão, também publicado em de 2011, sobre 10 tendências para o futuro da tecnologia para os próximos 5 anos. Ou seja, para até 2016. Este artigo já não se encontra mais online, contudo, felizmente temos a WayBack Machine que compila e arquiva muita coisa da “velha internet“, ou seja, ainda é possível ler a matéria usando este link.
A matéria falava a respeito da evolução nos próximos anos da indústria eletrônica, bem relacionado com o poder da própria internet e sua conectividade. Basicamente afirmava o que era meio óbvio a época: a internet teria maior poder de conexão, os celulares ficariam mais potentes, os tablets (como iPad) se tornariam mais populares, os televisores evoluiriam para telas 3D e integrados com a internet. Também mencionava que passaríamos a assistir mais coisas em streaming, tendo como base o sucesso da Netflix na época.
O saldo, 11 anos depois
Bem, quase tudo de fato aconteceu. Não na proporção revolucionária desejada, e talvez nem tudo nos 5 anos pretendidos. Televisores com telas 3D? Tirando as salas de cinemas, que ainda insistem em salas 3D, porque assim os ingressos podem custar três vezes o valor do ingresso normal, TVs com tela 3D de fato não vingaram, contudo a integração com a internet aconteceu. As SmartTVs invadiram as salas do mundo todo, e seguem se aprimorando ano a ano.
Tablets também não se tornaram tão populares quanto os Smartphones, mas estão por aí, em escolas, hospitais e até mesmo em estabelecimentos comercias. Este ano uma pastelaria da minha cidade foi totalmente reformada e agora há um tablet em casa mesa, a qual você pode fazer seu pedido e até mesmo chamar o garçom. Gritar e levantar o braço, pra quê? Claro que o mérito não veio dos iPads, que hoje custam uma pequena fortuna. O mercado se expandiu, outras marcas surgiram e tornaram a brincadeira mais acessível. Só não acho que seja um acessório comum ao dia a dia. Os celulares, mais inteligentes, mais finos, maiores, ou menores, dobráveis e fáceis de serem transportados impediram que os tablets se tornassem algo necessário para se levar a qualquer canto.
Acertaram no crescimento da internet, em particular os serviços de streaming, conteúdos que não demandam esperar o download pela internet. Consumir em tempo real se tornou possível, ainda que tenha visto esse crescimento ser muito mais evidente, talvez de 2018 para cá. Os serviços concorrentes da Netflix vieram em massa (HBO Max, Disney+), enquanto que em paralelo ainda temos a indústria dos games tentando emplacar a mesmo tecnologia nos jogos eletrônicos.
Jogos em nuvem já são uma realidade, mas ainda estão longe de substituírem os mesmo jogos rodando diretamente nos consoles, via download. Outro fator é que aos poucos os jogos digitais tem conseguido acabar com a mídia física, que ainda resistem em diversos mercados, como o brasileiro. Será que avançamos o suficiente, uma década depois?
— De volta ao artigo original
Fiquei com isso na cabeça após ler o artigo. O futuro nos próximos anos não me parece promissor em relação a novidades mesmo. Tudo isso é apenas uma evolução natural do que já existe e precisa ser melhorado mesmo. Fiquei me recordando da minha infância, quando assistia Os Jetsons na TV ou me vislumbrava com o futuro mostrado De Volta para o Futuro II (quem nunca sonhou com uma daquelas pranchas voadoras que atire a primeira pedra). Até mesmo a icônica cena do Fry sendo descongelado no ano de 3.000 e olhando através de uma janela o maravilhoso mundo do futuro em Futurama.
Quando criança sonhava com futuros assim para a humanidade, achando que estas possibilidades poderiam acontecer em poucos anos. Mas agora, crescido, posso dizer que o futuro não parece tão bonito quanto sonhava. Uma única vida talvez não seja o suficiente para ver realmente o futuro da tecnologia. A evolução da tecnologia existente ainda é incerta. Mas nada me impede de sonhar, não? Que tal algumas viagens da minha cabeça que estão muito longe de existir de forma integrada a sociedade. O futuro que parece inatingível!
Antes de começar, quero lembrar que este texto não tem nenhum cunho científico. Não pesquisei para dizer se tais estudos ou tecnologias existem em conceitos iniciais ou que estão estagnados por falta de outras tecnologias que servem de suporte a tais projetos. É um post imaginativo. Não estou me baseando em fatos, estou apenas usando o poder da imaginação.
O que esperava existir no futuro?
— Do carro voador ao espaço, a fronteira final!
Carros voadores! Rá! Acho que é impossível alguém não pensar no futuro e não imaginar carros voadores. Graças a tantos desenhos animados e filmes de ficção que retratam no futuro a raça humana resolvendo os problemas de falta de estradas e congestionamentos quilométricos com a facilidade de viajar pelo céu aberto.
No papel isso sempre pareceu interessante, mas na prática sempre achei complicado implantar um sistema de transportes coletivo no céu. Visibilidade, ou até mesmo um sistema de rotas e percursos precisos precisariam existir. Não daria para viajar de qualquer forma e em qualquer direção. Um carro voador a 150km por hora teria problemas para desviar de um outro que surgisse do nada na sua direção, não? Imagine dirigir assim, sabendo que um carro poderia pipocar na sua frente vindo de qualquer direção, seja de cima ou de baixo ou pelas laterais. Os motoristas ficariam malucos e paranoicos.
Talvez a solução fossem rotas preestabelecidas, como as que existem em De Volta para o Futuro II. Outra solução seriam carros com piloto automático, como em Eu, Robô, onde os próprios veículos andariam sozinhos, com sistema de desvio e defesa contra impactos. Claro que aí esbarra em outro problema da tecnologia atual, que seria a Inteligência Artificial, que vou falar mais a frente.
Um detalhe é que para um sistema de trânsito aéreo, a tecnologia usada nos GPS estão no seu caminho. Um localizador mundial, que reconhece caminhos, estradas e locais entre ponto A e B já existem. Bastaria adaptar e potencializar um sistema de navegação. Contudo pense que aviões até hoje ainda dependem de torres de controles em aeroportos. Nem mesmo aeronaves podem se guiar com um simples GPS.
Mas o maior problema dos carros voadores talvez seja os próprios veículos. Parece que criar um carro que voe não é tão difícil assim, bastaria aplicar um pouco da tecnologia usada em aviões. Assim carros teriam asas e teriam que levantar voo partindo de grandes estradas retas. Ora, para começar está bom. Não acho que o primeiro carro voador da humanidade teria propulsores a jato para sair do chão como um helicóptero, em linha vertical, ou como naves espaciais do mundo da ficção, que tem tais propulsores em tudo quanto é lugar para girarem em todas as direções possíveis.
Aí também entra outra tecnologia frequente do mundo da ficção: a ciência da antigravidade. O poder de diminuir a força gravitacional em um único objeto em relação ao resto do espaço a sua volta. Difícil isso, nem sei se é possível. Aí acredito entrar no campo da física, a qual sou péssimo. No mundo do futuro, acho que algumas atuais leis da física precisam ser quebradas. Enfim, construir não é um problema, dá para fazer um veículo voar, o grande problema do mundo moderno (ainda) é realmente o combustível ou a energia para fazer tudo funcionar.
Combustíveis e energias mais limpas e potentes são importante para o futuro. Enquanto ninguém descobrir um combustível barato, e de enorme potência, máquinas pesadas, ou de alto consumo de energia, não irão evoluir. A conquista do espaço mesmo nunca será real, já que um foguete parece que engole uma piscina de combustível só para sair do planeta, imagine viajar entre planetas. Se bem que no espaço, sem atrito da atmosfera, basta “peidar” para se impulsionar no vácuo. Mas ainda assim, são muitos… peidos. Fora que adentrar e sair de outros planetas consumiria outras destas piscinas de combustíveis, a qual não conseguiríamos transportar nestas viagens.
Nesse ponto ainda estamos na idade da pedra. Legal mesmo é o combustível usado em Futurama, a tal matéria escura, que é ultra pesada (devida a alta densidade) e que também consiste nas fezes do bichinho de estimação da Leela, o Nibbler. Acho que um novo tipo de combustível tão bom quanto os usados em ficção científica só quando expandirmos a tabela periódica atual. Sem isso, o sonho de carros voadores, ou viagens no espaço, vão continuar um sonho. Combustíveis fósseis, baseado em petróleo não vai levar a humanidade para lugar nenhum. Pelo contrário, talvez nos levem para o fundo do poço!
— Do Homem máquina até as três leis da robótica
Ciborgues! Ah, pessoas com partes robóticas! Quando criança pensava muito nisso. Tanta gente morre da falta por doenças ou acidentes que acometem seus órgãos internos. Sempre pensei que no futuro, a humanidade daria um jeito de criar transplantes de órgãos mecânicos. Acidentes onde a pessoa perde os braços ou pernas, que as mesmas poderia ser substituídas por réplicas robóticas, como as que existem em Eu, Rôbo. Não posso deixar de citar o Franky, personagem criado por Eiichiro Oda em One Piece, que é um ciborgue cheio de tudo aquilo que uma criança poderia querer desse tipo de fisionomia. Forte, cheio de aparatos, super resistentes. Uma geração antes da minha talvez se lembre do Inspetor Bugiganga, um clássico dos desenhos animados.
Só que ainda há muitos problemas para que essa tecnologia funcione. Uma delas é a energia, comentado mais acima. Órgãos mecânicos iriam tirar energia para funcionar de onde exatamente? Do próprio corpo humano? Por exemplo, o Franky usa refrigerante para funcionar (certo, sei que é um péssimo exemplo). Mas partes mecânicas geralmente consomem algo, e isso não tem como o corpo humano oferecer. A energia de funcionamento precisa vir de algum lugar. Do fluxo sanguíneo? Há também problema do material a qual estes órgãos seriam construídos. Não dá para colocar pulmões de aço dentro de uma pessoa. E o peso disso? Aí seria difícil levantar da cama todo dia.
(1) Adendo revisional ao texto original (em 2022) — Lendo os dois parágrafos acima, vejo que a minha imaginação me levou muito mais a fantasia de “pessoas máquinas” do que algo mais sensato à realidade em si. Claro que hoje a ciência consegue criar próteses mecânicas que respondem a impulsos elétricos do cérebro. Não me pergunte como, pois cientificamente não saberia explicar, mas existem. Materiais para tal também existem, como resina, PVC, fibra de carbono, polipropileno, alumínio ou titânio, cada qual em seu quadrado e proporções. Ainda que haja uma certa lógica em como o corpo reage a materiais estranhos, e que menciono adiante no texto original. Contudo não dá nem pra sonhar em estômagos, intestinos, pulmões, corações, rins e fígados mecânicos/eletrônicos.
Por outro lado, hoje sei que existem estudos que ainda tentam criar novos órgãos a partir do estudo do DNA individual de cada pessoa e do cultivo de células-tronco, muitas vezes utilizando animais (e depois transplantados ao ser humano). Mas a reflexão original não foi para esse lado, ficando apenas no órgão como uma máquina. Alias, no advento dessa década, impressoras 3D passaram a ser utilizadas para construção de próteses, fora estudos para verificar se poderiam ir muito além no uso na medicina, tipo para reconstruir partes do corpo (como um osso). Passos nós demos, mas ainda estamos longe de resolver os problemas da enorme fila de transplante de órgãos no mundo inteiro. Fim do adendo.
Há muito tempo atrás vi em algum lugar que existem estudos para corações meio mecânicos, que funcionam no lugar de corações de verdade. Na época que vi, era uma tecnologia cara, ainda experimental e que tinha sérias complicações. Também sei que hospitais podem deixar uma pessoa vivendo através de grandes maquinas ligadas no leito do enfermo. Mas ainda estamos longe de reduzir tais aparatos para dentro do próprio corpo humano e deixa-los funcionais de forma popular.
Sem contar o problema de rejeição de órgãos e materiais estranhos ao corpo. Nosso sistema de defesa combate tudo que é esquisito dentro da gente. Sem falar em materiais nocivos ao próprio corpo, que podem até mesmo causar câncer. Pois é, os ciborgues ainda estão longe de existirem da mesma forma que na ficção os tornam tão incríveis e maneiros.
Robôs e a Inteligência Artificial! Ao contrário dos ciborgues, que são seres humanos, com partes máquinas, aumentando a longevidade (seria legal viver uns 200 anos, mesmo que com um corpo quase todo mecânico – precisaríamos dar um jeito de impedir o envelhecimento e desgaste cerebral também, os neurônios precisam durar mais), sempre imaginei que no futuro teríamos robôs facilitando a vida dos seres humanos.
Essa questão dos robôs é complicado. Mais uma vez temos o problema de energia. Milhões de robôs funcionando num mundo iriam torrar muito combustível ou muita energia, principalmente se foram para terem mobilidade semelhante aos humanos, para realizar qualquer tarefa do dia a dia. Ainda precisamos inventar baterias ultra duráveis e econômicas.
Mas o maior problema com os robôs é realmente a nossa tecnologia de Inteligência Artificial. Nossos computadores não conseguem pensar e tomar decisões igual a um ser humano. Ainda estamos longe de máquinas de IA que possam ser capazes de entenderem literalmente tudo que dissermos a mesma. Gostava muito daquele série do Exterminador do Futuro (Terminator: The Sarah Connor Chronicles), onde a personagem estava sempre em busca de potenciais cientistas que pesquisam IA.
Máquinas que jogam xadrez não são a mesma coisa que uma máquina que lê um mistério policial e adivinha o bandido antes do mesmo ser revelado no final de um livro. Estes super PCs que são utilizados em campeonatos robóticos de xadrez tem suas regras pré-definidas, e calculam matematicamente os movimentos que ela pode fazer e que o adversário também pode fazer. Usam da probabilidade matemática para vencer o oponente. Não é a mesma coisa que ensinar uma máquina a ter “um palpite” ou “uma intuição”, ou a ver as sutilezas de um livro de mistério, onde as pistas estão ao longo da narrativa.
Apesar de hoje em dia, os PCs estarem mais inteligentes que há 10 anos atrás, eles ainda são limitadíssimos. Enquanto a IA não for melhorada, os robôs estão longe de ganharem formas mais reais. Aquelas cachorros robôs que existem no Japão não contam! Quero uma empregada doméstica igual a Rosie dos Jetsons!
Difícil também não ficar com medo dos robôs. Mesmo com as Três Leis da Robótica, idealizada na ficção pelo grande Isaac Asimov. Será que um dia uma inteligência artificial não irá perceber o que nós mesmo já percebemos? Que o ser humano é tóxico a todo ecossistema do planeta. Se eu fosse um robô, eu ficaria de olho de forma maligna na humanidade. Este é um dos pontos que mais curto em Battlestar Galactica, onde os Cylons, robôs criados por nós mesmo, quase que destruíram a raça humana.
Porém, destas calamidades apocalípticas que encerram a raça humana, ainda me pergunto o que pode vir a se tornar real primeiro: zumbis ou robôs revoltados? Difícil dizer!
— Outras viagens do futuro tão-tão distante
Vou começar a encurtar meus pensamentos senão a coisa vai ficar gigantesca (já está). Entretanto abordei as principais coisas que gostaria, do problema da energia barata e combustível durável, logística do espaço aéreo, viajem as fronteiras da galáxia, até a medicina robótica e os receios da inteligência artificial. Claro que existem muitas outras coisas da ficção que gostaria de ver ser tornando real como:
Clones! Mas não uma cópia de mim mesmo. Queria a tecnologia de me transferir para um novo corpo. Ok, isso esbarra em questões morais, éticas e até mesmo existenciais e religiosas (a questão da alma). Uma forma do ser humano trapacear na vida. Mas seria legal chegar aos 70, e poder se transferir para um novo corpo de 20 (pulando a adolescência, porque passar por aquilo de novo ninguém merece!).
Criogenia do corpo humano que não ocorresse em morte! Acho que eu toparia ser congelado por 1.000 anos, igual o personagem principal de Futurama. Hoje em dia não é possível reviver uma pessoa congelada e me parece uma aposta bem arriscada ser congelado achando que num futuro você será revivido. Sem mencionar que quem garante que uma empresa de criogenia iria durar tanto tempo assim? Rá! O Fry teve sorte! Outro ponto, da forma como as coisas estão, a humanidade irá durar mais mil anos?
Comida desidratada! Imagina ir no supermercado, comprar um cubinho do tamanho de uma bala e depois de levar ao um desidratador (tipo um forno micro-ondas) e aquele cubinho virar uma Pizza tamanho gigante! Nem me lembro onde é que eu via isso com frequência quando criança, acho que era nos Jetsons, não? No De Volta para o Futuro II também tem algo assim. Existe comida desidratada? Sim, existe! Mas é uma porcaria sem tamanho! O ideal seria sem a perda do sabor e do valor nutritivo. Aqueles pedaços de carne e frango desidratado no Cup Noodles não me convence. Nem vem!
Hologramas e teletransportes! Ir e vir para qualquer lugar a qualquer hora. Hoje em dia dizem que para o teletransporte funcionar, a pessoa deveria ser desintegrada, átomo por átomo, e ser replicada no local que desejaria ir. Meio estranho! Não dava para miniaturizar a gente a níveis microscópios e nos enviar na velocidade da luz ao destino desejado? Zoeira. Melhor então viajar naqueles tubos de sucção que tem em Futurama. Hologramas também seriam legais. Hoje em dia os celulares tem tela para ver a pessoa em vídeo, mas legal mesmo são aqueles hologramas de Star Wars. Um passo antes disso, talvez venha a existir aqueles hologramas do filme Minory Reporter, que projeta um vídeo em pleno ar, dando pra ver o que tem atrás do vídeo e tal, mas ainda assim, é real o bastante. Imagine um videogame com essa tecnologia do filme? Seria show!
(2) Adendo revisional ao texto original (em 2022) — Certo, o teletransporte ainda é uma barreira intransponível, mas o holograma já é uma outra história. Ainda não temos telefones holográficos, mas a holografia existe há alguns anos e tem sido aprimorado desde então. Está longe de ser uma tecnologia a ser empregada de forma popular e ilimitada, por diversos empecilhos, como o ambiente em que o mesmo possa refletir, mas ainda assim é uma realidade que tem tomado forma. Quem sabe como isso será refinado até a próxima década? Fim do adendo.
Colônias no espaço! Pois é, enquanto não resolvemos o problema de combustível, nunca iremos explorar o espaço. Eu toparia ser um pirata espacial. Viajando por galáxias e conhecendo esse universo infinito. Como vemos em O Guia dos Mochileiros da Galáxia. Também fico imaginando se realmente existe vida inteligente extraterrestre (superior a nossa) lá fora. E se existir, será que algum dia eles nos visitaram em nosso próprio planeta? A ficção não para de imaginar cenários assim. Será que iremos aprender sobre a suas tecnologias avançadas? Rá! Até alienígenas entrou na matéria. Fala sério!
E cheguei ao fim desta grande viagem imaginária. Acho que deu para soltar a imaginação e pensar num futuro que provavelmente não estarei vivo para ver quando algumas destas coisas se realizarem (ou não). Acho que em se tratando do ser humano, nada é realmente impossível. Imagino que as pessoas do passado, que andavam em seus cavalos, jamais imaginariam que um dia andaríamos em carros. Ou que a internet poderia existir. O homem das cavernas nunca pensaria em lâmpadas para suas cavernas escuras. O salto da evolução e do futuro da humanidade ocorre a cada centenas de anos. Uma única vida talvez não seja possível para viver o suficiente para ver a humanidade colonizando Marte. Talvez pernas biônicas, destas que nos deixe correr na velocidade de um carro… talvez elas dê tempo.