Parágrafos perdidos (1)
Recentemente comecei a montar Cards de Reels de séries, animês ou filmes que andei assistindo, para entender como esse tipo de comunicação funciona em Redes Sociais. Só que nem sempre é fácil criar um reels apenas com as chamadas já pensadas. Então preciso escrever… e para isso, crio um parágrafo inteiro, fazendo uma abordagem geral sobre o programa, afim de que a ideia seja condensada e se torne um reels.
Basicamente são “parágrafos perdidos“ mesmo. Feitos com o propósito de serem condensados em 3 ou 4 frases de efeitos que se tornam o reels. No passado, esses parágrafos seriam o ponto inicial de uma crítica completa sobre o programa. Muito mais detalhado, com mais argumentos e relatos da experiência com os programas.
Infelizmente vivemos tempos em o conteúdo precisa vir super condensado, o mais curto possível, mais objetivo. Então, são textos inacabados. Ainda tenho conseguido publicar estes parágrafos em posts no Portallos (nas redes sociais cheguei a publicar junto aos primeiros cards, mas logo entendi que não há propósito nisso). Há tanto conteúdo nas redes sociais, que você só tem alguns segundos até que a atenção de alguém seja desviada para um meme, um animal fazendo algo ou qualquer coisa assim.
Só que eu escrevi esse material, e não queria “jogá-lo fora“, por assim dizer. Então pensei em reunir eles, de tempos em tempos, aqui no Desligado, que foi criado para ser um espaço textual, de baixa visibilidade, e que pode comportar esse tipo de “arquivo morto“.
Eis então, a primeira rodada de Parágrafos Perdidos, para textos inacabados…
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Round 6 chega em sua temporada final com a promessa de resolver elementos de seu universo, mas em algum momento do processo criativo acaba se esquecendo disso. O resultado é uma temporada com uma boa estrutura, mas repleta de clichês já estabelecidos, que prende o espectador, mas não faz jus a meta proposta por Seong Gi-hun. Uma temporada sem reviravoltas, sem impactar, ainda que os jogos sejam bem idealizados e as mortes sempre tristes, é tudo como esperado. Os jogos realmente chegaram ao fim?
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Jurassic World Recomeço não tem o impacto emocional que Jurassic World (2015) teve quando ressuscitou a franquia do consagrado livro de Michael Crichton, e muito menos parece ter a pretensão de abrir uma terceira trilogia para o universo cinematográfico. O novo filme é apenas mais uma diversão descompromissada com dinossauros, perfeito para as grandes telas dos cinemas, onde Scarlett Johansson e Mahershala Ali mandam bem demais em seus papéis, entregando personagens a qual você torce por eles do começo ao fim. Com uma ato inicial arrastado, o filme engata mesmo quando os dinossauros aparecem para valer. E o mais curioso? Não importam se são mutantes ou não, dinossauros são dinossauros no mundo nesse universo. Não importa se são inventados ou pautados pelo que dizem os estudos científicos.
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City The Animation em seu primeiro episódio já demonstra tudo que os fãs de Nichijou (2011) amam no trabalho do mangaká Keiichi Arawi, humor de gargalhar em situações cotidianas com reviravoltas cômicas e inesperadas, atualizado ao mundo de 2025, com piadas tipo “posta no grupo da família“, e muitas situações nonsense, entregue em uma linda animação alinhada com o estilo visual do autor, com fluidez, cores vibrantes e personagens que em poucos segundos em tela já criam a simpatia do espectador. E chega ao Brasil com uma incrível dublagem simultânea, junto ao episódio semanal. Imperdível.
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Contagem Regressiva não é uma série que está tentando reinventar o gênero dos seriados de ação policial, mas parece ter algo divertido aqui, parte pelo grande carisma do ator Jensen Ackles (Supernatural) e da boa química com Jessica Camacho, que protagonizam a série com um elenco de outros bons atores. Uma série com situações de infiltrações entre bandidos, conspirações e bombas, ação quando coisas dão errado e sempre com esse conceito de “trabalho em equipe” de uma força tarefa criada com pessoas que nunca trabalharam juntas, lideradas pelo Eric Dane em mais um papel em que ele parece se sentir confortável. Soa promissora como uma série pipoca semanal, mas ainda não parece abalar nenhum estrutura de seu gênero.
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Dexter: Pecado Original em sua primeira temporada respeita todo o legado que sua série original (Dexter 2006-2013) construir por tantos anos, e se aproveita de todo um passado já estabelecido, mas nunca mostrado com tanta riqueza narrativa na série original. Inicialmente Patrick Gibson pode soar estranho como um jovem Dexter, porém não demora a convencer, e o ator acaba brilhando no papel, talvez parte porque sua voz interna (o narrador) foi interpretado por Michael C. Hall, o Dexter original. E por mais que o passado, presente e futuro de muitos personagens presentes na série já seja conhecido pelos fãs, acompanhar suas trajetórias iniciais se mostrou divertido e interessante. Já renovado para uma segunda temporada, o projeto ainda tem fôlego para mais histórias do começo de carreira desse personagem tão polêmico e contraditório.
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Gachiakuta é uma das mais aguardadas estreias da temporada, baseado no famoso mangá de Kei Urana. Apesar de ser cedo demais para julgar sua narrativa com base apenas no episódio de estreia (e sem dar spoiler olhando para o que há no mangá), o que se pode tirar do primeiro episódio é a entrega de uma belíssima animação, produzida pela Bones, enquanto a história começa a costurar uma trama de Fantasia Sombria, onde parece haver um forte apelo de crítica e injustiças sociais, entre ricos e pobres, em meio a um assassinato enigmático e um protagonista condenado injustamente, sofrendo a pior das punições, prometendo se vingar e encontrar respostas sobre o que realmente aconteceu. Chegando ao Brasil com dublagem simultânea pela Crunchyroll.