Opiniões

GloboNews | Menos sangue no meu café da manhã, faz o favor…

Desde 2020, por conta da pandemia, criei o hábito de assistir o jornal pela manhã, enquanto me preparo para começar o dia, mais especificamente a GloboNews em Ponto, que ocorre na faixa das 6h as 9h da manhã. Recentemente o jornal sofreu algumas mudanças, sendo a principal sua apresentação, saindo a talentosíssima Julia Duailibi, especialista em política, para a entrada de Cecilia Flesch, a qual ainda não sei como qualificá-la aqui. Internamente também não sei se houve troca da equipe de produção do telejornal, mas a julgar como o mesmo tem sido conduzido nas últimas semanas, penso que talvez tenha ocorrido.

Veja bem, minha maior preocupação tem sido com o horário da faixa das 6h da manhã, ainda que haja um reflexo disso em toda a atual GloboNews, mas antes de olhar o escopo macro, permita-me focar no micro. O que acontece as 6h da manhã de todo brasileiro? Estamos levantando para mais um dia neste país de muitas crises, em um mundo cheio de problemáticas. Tem gente se preparando para ir trabalhar, assim como também tem um monte de criança acordando para se preparar para ir à escola. Estamos todos começando o dia.

De umas semanas pra cá, ligo o jornal nessa faixa de horário e só tem notícia de assassinato. Marido que mata ex-esposa e feminicídios em geral, troca de tiros e mortes entre polícia e criminosos, com direito a bala perdida em civis, crianças sendo assassinada por pais, gente sendo mantida em cativeiro, denúncias de crimes sexuais à rodo, inclusive em hospitais e daí para o pior. Sim GloboNews, já entendi que o Brasil está violento, que a saúde mental das pessoas está fragilizado. Mas será que eu preciso disso às 6h da manhã?

Antes do jornal sofrer essa mudança na troca de apresentadores, a faixa das 6h da manhã era ligeiramente mais leve. Havia a previsão do tempo e pautas políticas, o que o congresso estaria se movimentando para o dia. Nas sextas-feiras havia um quadro verde, para falar de plantas – a qual há meses não vejo acontecer. Não eram necessariamente pautas positivas, mas era uma faixa que nos atualizava sobre a pandemia, sobre clima, sobre movimentações políticas, notícias internacionais, sobre coisas para ficar atento ao longo do dia. E agora, eu ligo a mesma faixa e tudo que tenho é sangue sendo derramado no meu café da manhã. Não preciso disso pra começar o dia.

E palpável a mudança da apresentação do telejornal. A faixa das 7h, normalmente era um horário que muitas vezes a Julia Duailibi tirava de 15 a 20 minutos lendo os principais jornais do dia. O que eu achava o máximo. Nos lembrar que ainda existe jornal impresso e mostrar como o conteúdo dos mesmos ainda é relevante, enquanto também serve para resumir as principais notícias de ontem, caso a gente tenha perdido alguma coisa. A mesma leitura dos jornais, feita pela Cecilia Flesch é, com o perdão da palavra, horrível. É uma leitura absurdamente rápida, sem qualquer interesse da apresentadora, feita em menos de 5 minutos. Parece forçado, algo que não conseguiram tirar do programa, mas que eventualmente vão tirar. É um desastre.

Não sei o que aconteceu, só sei que não dá mais. Vou procurar outra coisa para assistir ao iniciar meu dia. Olhar outros canais de notícia, outros telejornais. GloboNews em Ponto não dá mais. Estamos em véspera de eleições, adoraria começar o dia sabendo a movimentação dos principais candidatos. Quero saber o que está acontecendo em Brasília, que leis estão em discussão. Quero um jornal que me informe sobre as engrenagens do país e não sobre as pessoas estarem matando umas as outras. Não preciso que o jornal me mostre isso antes de sequer ter escovado os dentes. Começar o dia nessa vibe é péssimo. Nem mesmo a reflexão sobre a nossa saúde mental o jornal de propõe a discutir… porque dar ao brasileiro um jornal “Cidade Alerta” às 6h da manhã!? Aí não!

Isso porque nem falei muito sobre as crianças sendo acordadas com um telejornal assim. Hoje mesmo tive que desligar o jornal em certo momento em que meu filho estava acompanhando as notícias sanguinárias enquanto fazia seu lanche para a escola. Se eu não preciso disso pra começar o dia, ele muito menos. Fui colocar um Roda Vida no YouTube com qualquer outro tipo de discussão mais inteligente. O fato é que se a gente coloca um desenho animado ou série acabamos nos distraindo assistindo, e aí perdemos a hora de sair de casa. Alguma coisa para começar o dia, como uma entrevista ou jornal (menos sanguinário) funciona para nos manter dentro de nossos horários.

Não dá mais. A partir de amanhã vou começar a procurar outros jornais para começar o dia. Um que não jogue corpos e crimes hediondo na minha mesa de café da manhã. Meu filho e minha saúde mental agradece.

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